A descida é agora ainda mais divertida. Algumas curvas mantêm a velocidade controlada, mas depois é a todo o vapor. O trilho serpenteia habilmente ao longo do cume e tem bastante fluidez, combinado com algumas secções técnicas. É assim que devia ser todo o ciclismo de montanha. Passamos por algumas cabanas solitárias e de aspeto degradado, mas há gente a viver aqui. Cultivaram alguns metros quadrados de terra à sua volta, o que lhes permite ser, em grande parte, autossuficientes. Fazem sempre as mesmas plantações: milho, feijão e abóbora. Estas três plantas vivem em simbiose umas com as outras e requerem muito pouca manutenção. Prático.
Numa das cabanas, viramos à esquerda para uma pequena pista de singletrack. Aqui torna-se mais técnico: secções de pedra bloqueiam o caminho, e há algumas curvas apertadas a vencer. Ao fundo, o trilho atira-nos para uma pequena estrada de cascalho que nos leva à aldeia de Rabelados. Rabelados significa "rebeldes" em crioulo. Os seus habitantes viveram durante anos de forma autónoma, não se submetendo ao domínio colonial português nem à Igreja Católica. Ainda hoje, vivem numa comunidade com porcos, animais e agricultura, mantendo-se independentes da sociedade. São, e sempre foram, rebeldes.